Por Wanderson Amorim 6c61w
Na antecipada disputa pelo Governo do Espírito Santo em 2026, os prefeitos Arnaldinho Borgo (Vila Velha) e Lorenzo Pazolini (Vitória) decidiram se lançar como pré-candidatos. Ambos intensificaram agendas pelo interior do Estado e já testam alianças. Mas há um dado incontornável nessa jogada: para concorrer ao Palácio Anchieta, os dois terão que renunciar à prefeitura até abril de 2026, o que significa abrir mão dos mandatos dois anos antes do fim.
O maior risco é claro: em caso de derrota, Arnaldinho e Pazolini ficarão quatro anos sem mandato eletivo, fora das estruturas de poder, da visibilidade institucional e da capacidade de entrega — algo que pode significar um esvaziamento político sério em suas trajetórias.
Renúncia prematura e ingratidão com o eleitor 4u69e
Ambos estão apenas no início do segundo mandato, conquistado nas urnas em 2024 com votações expressivas. O gesto de sair da prefeitura tão cedo pode ser visto pela população como uma quebra de compromisso eleitoral, deixando projetos inacabados e um sentimento de abandono entre os eleitores que confiaram em uma gestão até 2028.
O discurso de “subida de degrau” pode soar mais como ambição pessoal do que como missão pública. E esse tipo de leitura costuma cobrar um preço alto na urna — especialmente quando o adversário é um nome consolidado, com apoio político amplo e legitimidade institucional.
Ricardo Ferraço: o favorito com a máquina a seu favor 8727
Do outro lado da disputa está Ricardo Ferraço (MDB), atual vice-governador, que já desponta como o nome mais forte para a sucessão de Renato Casagrande (PSB). Ferraço terá o trunfo de não precisar deixar o cargo para disputar — ou seja, permanece com a caneta e a visibilidade institucional até o fim da campanha.
Mais que isso: conta com o apoio público e estratégico de Casagrande, que está concluindo um governo de alta aprovação, com destaque nacional em gestão fiscal, segurança pública, infraestrutura e investimentos sociais. O Espírito Santo se tornou exemplo de equilíbrio financeiro e planejamento no Brasil, e Ferraço representa a continuidade desse modelo.
Além de Casagrande, Ricardo já tem ao seu lado boa parte da elite política capixaba: Marcelo Santos (União Brasil), Josias da Vitória (PP), Euclério Sampaio (MDB), dezenas de prefeitos e deputados — uma frente ampla que promete hegemonia na base aliada até 2026.
Pazolini e Arnaldinho: duas candidaturas que se atrapalham 5rd4w
A ideia de uma possível aliança entre Arnaldinho e Pazolini vem sendo ventilada nos bastidores, mas carrega mais problemas do que soluções. Ambos são protagonistas em seus próprios projetos, com perfis parecidos, estilos parecidos e ambições semelhantes. Quem cede espaço? Quem encabeça a chapa? E quem garante que o eleitorado verá com bons olhos essa união meramente estratégica?
Enquanto Ferraço consolida apoios e estrutura uma candidatura institucional, Arnaldinho e Pazolini ainda buscam partido, palanque e narrativa. E, ao mesmo tempo, precisam lidar com as obrigações istrativas de gerir as duas maiores cidades da Grande Vitória.
Um salto no escuro 4y4f15
A política é feita de riscos, mas também de cálculo. Abandonar um mandato recém-renovado para tentar o governo, sem ter garantia de apoio partidário ou preferência do eleitorado estadual, é um salto no escuro. Especialmente diante de um adversário como Ferraço, que vem jogando com o campo, a bola e a torcida a favor.
Se a eleição fosse hoje, Ricardo Ferraço partiria com apoio institucional, tempo de TV, base política sólida e o selo de continuidade de uma gestão bem-sucedida. Já Arnaldinho e Pazolini teriam que construir — em tempo recorde — palanque, estrutura e narrativa… tudo isso depois de deixarem suas prefeituras pela metade.
O eleitorado pode até gostar de ousadia. Mas costuma punir a pressa e a ingratidão com o voto.